Sei que pensamentos
ao léu da boca
atentam contra o poema
-entre dentes-
um amor tão em exagero
fazendo as horas que a luz
aquieta-se nos cílios das coisas
desvenda-lhes o nome
qualquer que se pode nomear
-metaforizar-
tão tranquilo no penhasco
fosse a queda
abraço intersticial
da matéria do vento
chegando lá não é o fundo
gaveta de guardar cartas de amores
-póstumos-
pétalas esmaecidas de depois do jantar
algo que pareça em desalinho
lagartas tecendo equador em pomares
ou pirilampos brilhando ao meio-dia
-e cante-
que se no desejo
(auge do discernimento da pele)
tem mais gosto que o agridoce da maçã
tem mais eloquência a mudez
(Ser)
das coisas de um poema
É cena sem ter sido
nunca luz
-e diz-