Março a meio
nem mais ameno
nem menos alheio
vai pelas janelas
escapole nas frestas
ganha as vielas
um diz-que-diz-quê
coisa alguma há a fazer
senão olhar para trás
nas novas velhas dos jornais
e ir aonde não se volta mais
Só as garças permanecem
intrometidas na paisagem
feito lhes faltasse viagem
Noites vermelhas
misturadas às estrelas
de chuva forte, centelhas
Duas gotas juntas por pingar
espremidas na torneira
nós a espera da queda primeira
até o tic tac temporâneo acusar
hora entre as grandes e meãs
que deixaremos de estar lá
Recusaste-me saber teu nome
Calei no tráfego da manhã
o nome que dei a te chamar
A caminho de qualquer canto
te envio com a dúvida por fio
uma carta que decerto voltará
todavia, não a teres lido
para sereníssimo espanto
terá valido tanto quanto
ter-me a ti escrito para nos guardar
Que o vento sobre a mesa
virando as notícias dos jornais
é a circunstância da garça
de onde evoluiu livre
livre, não retornou jamais.