terça-feira, 18 de novembro de 2014

Música...






entidade orgânica.




 

Ônus




Não me dês cabresto
Sou eu os meus eixos
ocorro por cima de mim
E, acerca do meu fim
ele principia e finda
debaixo dos peitos
Aterrisso na esquina
na hora mais tardia
do Sol sem trégua
nem em larga sombra
que dirá na lenta légua
Se me queiras traiçoeira
basta me exigir, amor,
amor de vida inteira.




sábado, 11 de outubro de 2014

Poema Limpo






Àqueles
que honestamente
precisam esconder
suas penitências
seus horrores
seus temores

Honestamente
protegerem-se
dos que amam
desleixados
diminuídos
presumindo
seus próprios
fatores

Não é poema
aos que se embaraçam
porém
àqueles que agonizam de pena
Que somem de amor
Que matam amor
Atiram na consciência
Tiranizam a indecência
como se amar
pelo simples ato
não fosse uma excrescência

É para quem
ama ao som do escuro
Quem se exibe
na multidão
e se esgueira
por sobre muros

Quem se permite
se delimite

Quem sabe do enfado
da fronha
Quem viu a solidão
que o amor acompanha

Para quem soma
partilha e divide
miudezas
e por elas cultiva afetos
uma espécie de certeza
decerto
Se baratas ou raras
na separação que já há
fica o apreço
É que o amor
tem lá seus amuletos

É para os que fazem
do amor um senso-comum
Para os de amor de apenas um
Para os de dois sem ninguém
Para um terceiro no meio
Equilíbrio deslocado
como não fossem cada qual
já seu próprio lado

É para os que lamentam
o tempo perdido
e consomem o restante
querendo ser querido

Para os que advinham
e satisfazem desejos ocultos
se dilaceram
ou recompõem
em atos secretos
pelo amor bem-aventurado

- o amor é um sentimento irado-

Também
é para os românticos
do amor em amplitude
em clarividente claridade
que se acredita na juventude
Consultado na magia
nos horóscopos
Que se procura distraído
nos fundos dos copos
Que se desconhece
antes dos hormônios
e depois
ataca com a fúria de demônios

E quão perverso
seria em verdade
se os que contam
com o amor eterno
descressem da eternidade
As horas que marcam o tempo
teriam qual finalidade?

Aos que, suam, tremem
e não traem
Aos que traem e permanecem
Aos traídos que esquecem
Aos que amam e perdoam
Aos que perdoam e odeiam
Aos que se revelam
Resvalam
Se enlameiam
Se preservam
Envelhecem

É para os que amam
caprichosamente
fartando o outro
do carinho
que se sente
em imenso afago
Pois de convicção
seja feito esse amor
e seja
sobretudo
despudoradamente
persistente
da unha à alma
da boca ao sexo
dos pés ao pescoço
Diariamente

Onde não há esforço
o amor nunca amado
é só fosso.






quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O Malabarista







Rola bolas coloridas no trânsito
Cinto frouxo ata fome ao estômago
Os carros passam, passa a cidade
Riso bobo distrai o trabalho na arte
Coberto por lonas de fumaça
faz passos de dança sobre a faixa
e agradece a prata sem graça
Fecha o sinal, um meio cigarro
Segunda à Sexta, é este o contrato
No Sábado o carinho ligeiro pago
Seu Domingo não tem espetáculo
Segunda, e lá está ele de ressaca
Carros, passantes, a cidade passa
Vem de encantos e cansaços vagos
Rolando rotinas e acasos tantos
Segunda à Sexta, assim é o trato.





sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Decomposição







E quem me dera
uma fera abrir a pedra
da paz a espera.






quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A Chave




      
 
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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O Político







Queria que o País fosse uma valsa
e para isso usou fachada de escola falsa.
Só queria que seu lugar tivesse respeito
e foi assim que violou direitos.
Queria que seu País saísse da penúria.
Começou a erguê-lo pelo braço da paúra.
Queria que seu povo fosse curado.
Sorte a doença ceder na justiça do Mandado.
Queria apenas que seu País fosse seguro.
Cotas para a polícia e inocência em apuro.
Seus olhos azuis quase tudo avistava
porém não conseguia ver a própria aura.
Gostava da altivez de sua imagem
burilada por cinzéis de marketing.
Aos pedaços fez-se um mito
para um povo midiático-comovido.
Deu-se o mais justo dos milagres.
Deus ungiu o mito morto para que ele o salve.





segunda-feira, 25 de agosto de 2014

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Liturgia do Poema





Creio na sílaba
no fonema
Creio na saliva
no dilema
Creio na rima
na sinonímia

Venéreo é todo drama
onde a saliva se derrama
Toda farsa
onde a língua se entrelaça
Algo a recordar entre
o depois e a cama

Creio no holograma
feito fuga ao cinema
onde a ficção é real
Em dúvidas no varal
Dívidas na moral
Que tanto valem os orifícios
quanto os sacrifícios

Creio na alma
que o Sol não cora
Na morte
que é quando a alma vai embora
Creio na morte
sobre todas as coisas
e na vida sob todas as formas
Poemas são abstrações vesgas.






quarta-feira, 23 de julho de 2014

Vida Versa Adversa








Exagerada
mas diversa
Mais razão
que a vida é adversa
Versa sobre coração
e quem há de não tê-lo
na garganta ou na mão?



Com Paty Braga





terça-feira, 22 de julho de 2014

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Bem Leve






Desejo o amor
das árvores por suas folhas
-no outono-
o desprender bem leve, leve
que as pouse na terra como filhas.
O que não supus, o amor releve
a chuva invernada
acrescida na seiva da raiz.
Quero assim
ao menor vento, por um triz
esse amor, e generoso
em cada toda vez
como festa, com razão, talvez.
Que as mortes que o tempo fez
em pressentimentos de ser feliz
só carregaram de mim
aquilo eu nunca fui, tive, quis.




sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Busca




Algumas pessoas são cais
outras são velas.
Umas são trilhos
há as que são janelas.
Há ainda as que são estradas
há aquelas que ficam promessa
Outras, lembrança.


Com Paty Braga




quarta-feira, 4 de junho de 2014

Frenética...









a massa doméstica
se perde na hecatombe
de uma porta aberta.




Imagem: Ivan Bertin


56.337 homicídios em tempos de (paz?).










domingo, 23 de março de 2014

Por Uma Ilusão








Era tanta solidão
tanta falta lhe cabia

sendo assim tão só
 - líro-de-um-dia -

coloria de sombras
os vidros da janela

anoitecesse e fosse só
não era noite

amanhecesse e fosse ela
não era dia.









sexta-feira, 21 de março de 2014

Enigma







Uso todas as tuas fomes
para te fazer lembrar meu nome.
Tua vocação para o que é bom e honesto
para te alimentar de resto
e aquilo que nomeias de fé
para te confundires de quem és.
Eu te encharco de dúvida e confiança
para envelheceres em estado de criança.
Eu te prorrogo, prolongo e prossigo
te contradizendo no que digo.
Não finja que não entendeu
respondendo hás de ser mais útil do que eu.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Cães e Caravanas

 
  




Da demora
que os cães ladram solução
entre Wall Street e Kiev
en Ciudad de la Habana
deixem meus delírios quietos
sigo rodando, rolando
passando, sou caravana.





 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Cupido Et All









Saudade sem dor
é nostalgia
doída é pândega
de amor-criança.
Deve-se assimilar
as brincadeiras
de arco e flecha.
Para sempre ser
jovem
há de se defender
da morte
que às vezes
querem lhe imputar
assim se preserva
a amar eternamente
até em gente que não o sente.
Alvos das brincadeiras
e fatalidades do amor
importam nada.
Amor quer só amar.
Posto em asas
severamente livre, voa.




Adaptação Poética






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