domingo, 28 de junho de 2009

Para Nada





Nele cabe tanta coisa, parece infinito fim.
E sei que lá está, desarvorado e frígido.
Talvez seja negro, transparente ou marfim...
Quem sabe se enfeie ou talvez seja bonito,
Posto nos traços de minha tez enrugada
e em meus olhos calados.
em estado de graça, na madrugada,
só ele me abraça o passado.



Ah, mas estes dias não se sustentam!
Deixando só as paredes,
À meia noite ele se ausenta
Levando o inverno que eu tinha.
E assim, de segundo a segundo,
meu companheiro me doa à primavera,
Jasmim tonto de mundo,
e calma me acostumo ao que eu era.
Pergunto-me: onde guardaria tanto adeus?
Aquelas ausências fatídicas,
amigas minhas e da esperança que o tudo me deu.
Naquelas varandas, mesmo triste,
curvo os joelhos e o pensamento
e beijo o meu nada, grata porque ele existe
e manda lembranças, ainda que perto,
do meu desejo que tudo no tudo existisse.


Este último "post" do mês é dedicado a uma sertaneja auto-ditada. Uma mulher de fibra, que valeu muito à pena ter conhecido em minhas viagens ao interior do Estado. D. Maria Silvéria.

Não sossegaria enquanto não a definisse em poesia, porque é isto que ela é.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Sobre Tudo, Sobre Nada.





********************Dedicado a Cau Alexandre*****


Se me passo por teus lábios
Seja tanto mais que antes,
Debandada de libélulas,
Sob reflexos sem semblantes.


De entre os dentes,
Ridículo eco esgueira em premonição,
Frases feridas e exímias
Do ato em constrição.

Cerzidos em tênue linha furta cor,
No perfume do armário,
Adormecerão ramalhetes,
Solidários a esta dor.


*

************************************************

*


Deste-me uns versos,
Alma Minha,
assim, dispersos,
feito farinha
antes do pão.
erráticas rimas,
te confesso,
ei-las confusão,
virando páginas
e plexos,
cintilâncias e explosão.


Deste-me uns versos,
Alma Minha,
aos quais me empresto,
farinha,
àgua e mão,
para em meu lúmen
me clarear de pão.


Parabéns Cau! De todas as datas de uma vida, a mais verdadeiramente linda, está descrita e não contada, em calendários que ninguém publicou.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Espelho de Águas





Se ao oco do osso sobra o vôo,
ao da carne resta o armário.
deixa estar que ente as lâminas de espelhos
e o espelho do Céu tudo é refratário.

Sonho Adormecido




Caiu desacordado,
Bem fundo em jardim de pedras
E entre lírios e as frestas,
Ao longe,
Uma voz que chama:
Sonho!...
Vem de lá;
Onde o vento se refresca.
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