domingo, 28 de junho de 2009

Para Nada





Nele cabe tanta coisa, parece infinito fim.
E sei que lá está, desarvorado e frígido.
Talvez seja negro, transparente ou marfim...
Quem sabe se enfeie ou talvez seja bonito,
Posto nos traços de minha tez enrugada
e em meus olhos calados.
em estado de graça, na madrugada,
só ele me abraça o passado.



Ah, mas estes dias não se sustentam!
Deixando só as paredes,
À meia noite ele se ausenta
Levando o inverno que eu tinha.
E assim, de segundo a segundo,
meu companheiro me doa à primavera,
Jasmim tonto de mundo,
e calma me acostumo ao que eu era.
Pergunto-me: onde guardaria tanto adeus?
Aquelas ausências fatídicas,
amigas minhas e da esperança que o tudo me deu.
Naquelas varandas, mesmo triste,
curvo os joelhos e o pensamento
e beijo o meu nada, grata porque ele existe
e manda lembranças, ainda que perto,
do meu desejo que tudo no tudo existisse.


Este último "post" do mês é dedicado a uma sertaneja auto-ditada. Uma mulher de fibra, que valeu muito à pena ter conhecido em minhas viagens ao interior do Estado. D. Maria Silvéria.

Não sossegaria enquanto não a definisse em poesia, porque é isto que ela é.
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