
Conto em vários dias
o que se fecha em vários ciclos.
Eu que era uma pequena gota
escoada para além do rio
como só um rio faria,
a princípio, não me soube,
não me vi esvaindo
por paredes abissais,
até que o vácuo pendurado
nos fios elétricos
me desvendou os pardais.
Era uma vista assim, acanhada,
uma centelha acesa azul
na antimatéria encarnada.
Noite, o corpo repousava.
Dia, andava sob lajes
que mais tarde se fechavam.
Eu caminhava muito rápido,
o tempo variava,
mais trôpego, mais lépido,
mais outro, como tudo estava.
A partir de então, já me sabia:
o que me fecha em vários ciclos,
subsiste em muitos dias.