segunda-feira, 1 de março de 2010

Ciclos








Conto em vários dias
o que se fecha em vários ciclos.

Eu que era uma pequena gota
escoada para além do rio
como só um rio faria,

a princípio, não me soube,
não me vi esvaindo
por paredes abissais,

até que o vácuo pendurado
nos fios elétricos
me desvendou os pardais.

Era uma vista assim, acanhada,
uma centelha acesa azul
na antimatéria encarnada.

Noite, o corpo repousava.
Dia, andava sob lajes
que mais tarde se fechavam.

Eu caminhava muito rápido,
o tempo variava,
mais trôpego, mais lépido,
mais outro, como tudo estava.

A partir de então, já me sabia:
o que me fecha em vários ciclos,
subsiste em muitos dias.






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