domingo, 14 de março de 2010

Profana








Retesada sob o manto dos santos
há uma terra de estuque e altas horas
aonde vai a alma montada em raios
noite a dentro, alvorada à fora

Horas em que nossos sexos se dão
Que se dão as bocas aos vermelhos
Dão-se gemidos lambidos às paredes
e os nossos dedos, a orgânicos lagos que
prontamente, nas horas úmidas, se dão

Que estremeça o amanhecimento
amontoado ao pé do hemisfério
Meu ofício é tua alma, noite e dia
porque mesmo antes dos mistérios
uma profecia contava que virias

E ainda que de temor ou fúria
mais que tesão ou desdém
eu te morda a língua, anjo
ou te beije a língua, homem
sem amor, eu nunca, nada seria

Assim seja para o sempre todo
Amém!




Foto: "O Salto", de A. Brito (Palavras, Todas as Palavras - Wordpress.com)





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