sábado, 23 de julho de 2011

Aves Migratórias









Em todas as evasões dos olhos
alegorias de aves migratórias
invenções dos nossos espíritos
por esquinas de dunas e esperas.

Se um sopro marinho respirasse
no núcleo da pele e bagunçasse
o corpo mais ao sul, redemoinho
girando a carne atlântica, suave
nossas asas nos aconteceriam após
o pouso inquietamente puro.

Um brilho coruscante amorteceria
com força nosso imenso desafio,
tal como envelhecem os mistérios.

Tempo outro, de primeiro enlevo
talvez, pulsasse nossos corações
e fossemos alforriados desse chão
como as aves, necessariamente livres
voado seus ventos e nortes.

Mas, o céu de abraços e renúncias
entrega às asas movimentos de partir.



Fotografia: Jeanne Chaves





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