quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sentidos








Feito compromisso de sol que nasce
como se pudéssemos prazer sentindo
ferir na pele das esperas um signo
-Tempo ainda por gastar não passe-
Enlevada em gozo regresso, líquida
como se pudesse trazer sentido
Como se pudéssemos fazer sentido
nos lançando à noite amanhecida
no instante certo de nos buscar
boiando em timbres nos ouvidos
com todos os sentidos nesse mar.
Quando faz sentido o desatino
a sã consciência de naufrágios
é descuido ou ofício do destino.






domingo, 17 de novembro de 2013

sábado, 9 de novembro de 2013

Almas a Poro, Corpo-a-Corpo








Era um sem fim
de línguas de fogo
e era o céu assim
Almas a poro
Poro a poro
E o quanto eu te quis!
-Naquele tempo verbal-
De quem já não está ali
Estava indo, afinal
Corpo-a-corpo
Corpo ao solo
Solo aos poros
um Éden absurdo
será o meu mal.







quarta-feira, 30 de outubro de 2013

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sejam Bem Vindos!






Caros leitores, fiéis, ocasionais e erráticos (devo ter alguns que não sejam tão somente robôs do Google, e oriundos desses blogs fakes feitos para policiar a internet), suas presenças no meus blogs me honra, e quaisquer dos textos de sua preferência estão à disposição para uso próprio ou divulgação espontânea, atitudes que eu muito agradeço. Cabe, no entanto, lembrar que todos os textos estão licenciados sob Licença Creative Commons, o que não impede a utilização dos mesmos desde que a fonte seja citada. Por motivo de segurança, há um dispositivo que impede a cópia direta do blog, contudo, através do endereço eletrônico constante do meu perfil é possível solicitar uma cópia do texto, ao que atenderei com imenso gosto. Espero contar com o mesmo respeito com a qual realizo o trabalho de produzir intelectualmente sem cobrar nada por isso, e, no mínimo, reciprocidade na honestidade. Somos um país com 75% de alfabetizados funcionalmente e 16% de completos analfabetos segundo último levantamento da Organização das Nações Unidas, considero que cobrar pela leitura seja uma cruel violação de direitos humanos, mas considero, igualmente, que o baixíssimo consumo de livros, 3,5/indivíduo/ano em média, para uma população com mais de 200 milhões de habitantes, as dificuldades do acesso à cultura, à educação de qualidade, e o massacre midiático em torno da cultura e leitura de "consumo rápido" não nos torne, necessariamente, desonestos. Creio menos ainda que tal displicência em citar a fonte de um texto seja problema exclusivo nosso. A frase: "não há alternativa à miséria absoluta se não o seu próprio fascismo potencial" foi cunhada após a observação de um fato chocante, mas infelizmente, condizente com a condição humana, e nada destoante do comportamento social em países que se dizem em desenvolvimento como o nosso. Em outro momento, no blog Incontinentemente, relatarei a situação extrema que me plantou esse pensamento.

Sejam sempre bem vindos!


Jeanne Chaves





terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ar!







O terceiro
viés
dos pontos
cegos
entre
dicotomias
uma ideia
esvazia
o papel
do vazio
fica orgânica
atlântica
planctônica
então
é possível
respirar.







terça-feira, 30 de julho de 2013

Agradecimentos







Agradeço emocionadamente os "persistentes" acessos estadunidenses a este blog, embora intua que não se trate de admiração pelas singelas letras aqui expostas. Acessos "singulares" também observados no blog INCONTINENTEMENTE. Nada aqui merece cinco acessos da mesma origem em menos de cinco minutos. E, um no preciso momento em que o blog foi conectado à rede. Agradeço muito, e comunico que seu número de acessos só está perdendo atualmente para a Ucrânia, porém esta não deixa sinais evidentes nos rastreadores.



Kisses without paranoia.





Férias no Ceará

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Tschiiiiiiiiiii...




Por de Sol em Jericoacoara - CE - Imagem - Jeanne Chaves





Há uma paz da cor de bronze velho,
de o sol chiar descendo ao mar.









Jericoacoara : toca das tartarugas-marinhas.













sábado, 22 de junho de 2013

A Marcha







Impossível saber quantas daquelas cento e duas mil pessoas passaram por ele. As pessoas apenas marchavam, bradavam e se desviavam. Ele não tinha modos de quem marchava.  Agachei-me ao lado daquele corpo que tinha uma das pernas sobre um boné que escondia um quilo de feijão.  Os chinelos estavam espalhados.  Parte daquele corpo sobre a calçada da ponte, parte sobre o asfalto. As roupas apenas lhe ocultavam a nudez. Pus a mão no seu peito e senti a respiração e pulsação. Ele abriu os olhos delirantes.

- Senhor? Senhor? O que sente?

Como se minha voz demorasse várias doses de carbonato de lítio para fazer efeito, ele respondeu:

- Eu tô feliz!

- Certo. Mas, o senhor não pode ficar aqui. Vai se machucar.

- Eu tô feliz!

Buscou para mais perto o boné e o feijão. Algumas pessoas interromperam a marcha e se dobraram também, seguraram-lhe pelos braços e pernas, o recostaram nos pilotis da mureta da ponte e marcharam. O pulso do Homem Feliz batia cheio, rápido e irregular. Nenhum odor etílico evaporava. Ele estava feliz. Uma garrafa com água dançou na nossa frente, e eu coloquei na mão dele para que bebesse. Não tremia, mas não tinha coordenação. Ele estava feliz. O cristão da água marchava, marchou.

- Alguém! Faça chegar aqui o socorro! Repassem! Alguém faça chegar à ponte o socorro! Repassem!

A água não caiu na garganta. Ele tossiu, engasgou, cuspiu. Felicidade espessou a água e estreitou a garganta. Felicidade quase mata.

- A moça é tão bonita...

O país marchava. Ele não marchava. Defendia o boné, o feijão, e os chinelos entre as pernas magras estendidas sobre a ponte que ampliava a marcha até o outro lado do rio, e flácido, esperava por não sabia o quê. Lembrei-me de Patrícia: “- Em caso de elogio, meramente agradeça”. Com ele foi tão mais fácil. Ele estava feliz. Quem marchava, marchou por não sabia o quê exatamente.

Trinta minutos daqueles olhos felizes postos sobre mim foi o tempo que levou para um grupo de estudantes da área de saúde nos abordar com suas caras de Madre Teresa que ainda não sabe como é difícil a humanidade em seres humanos. Eles marchavam, marcharão.

- Check o pulso. Ele não consegue engolir. Está feliz.


A minha sociofobia desrespeitada já havia uns cinco quilômetros, eu marchei.




Levante Sem Causa em Junho e Julho de 2013.




sexta-feira, 21 de junho de 2013

Viver?






É soprar
num novelo
de pelo
e nó
da água
ao pó.




domingo, 16 de junho de 2013

É Por Tudo Que Se Sufocou





O Brasil Sob Protesto




Havia um silêncio massivo que me causava medo e estranheza. Uma serenidade de câncer não diagnosticado carcomendo os ímpetos. Agora, não tenho mais medo.





quarta-feira, 15 de maio de 2013

Coisando




juntou os troféus
conquistara-os de pé
depois
deixou-se deitar
com aquele qualquer





sábado, 4 de maio de 2013

Extensos









Mas,
é que as coisas
tão grandes
que existem
às cegas
entortam, suave,
girassol no campo
acendem pirilampos
depois de temporais.
As coisas
tão grandes
que não quebram
cabem distante
no passo curto
de uma criança
pela mão de um velho
a caminhar
fosse ele começando.
As coisas
tão grandes
que encandeiam os dias
são feito renúncia de amor
por excesso de amar
e sendo assim
perdidas da vista
existe o dia
que esse dia chega e fica
como se passando.
As coisas
tão grandes
que não se ouve
ainda estão bem ali
entre o dó e o dó
na escala do pensamento
dos que tem música
acontecendo.
As coisas
tão grandes
que não se vê
nem se toca
não se sente
nem se ouve
são extensas demais
para esperar.






segunda-feira, 22 de abril de 2013

Medida








O terço
do que
eu pude
sequer
pudestes
ser
inteiro.



Pintura: Enrique Climent





domingo, 14 de abril de 2013

Conselho de Mar






No amor

quando ele chegar

amiga, recoste-se

como se fosse mar

ainda que anseie cais

Tantas inverdades

cabem num silêncio

de falsos por dizer

e como que não queria

breve, brevemente

por mal jeito do tempo

desgasta-se a calmaria.





domingo, 7 de abril de 2013

Mel e Cinzas










Venho do outro lado 

das divisões de você. 

O ar do chão da boca 

combina mel e cinzas.






sábado, 30 de março de 2013

Cerejando










Imaginei-me inventando o rubro da cereja

só para revelá-la em vermelho.

Inventei o vermelho só para ser cereja.

Inventei a cereja só para ser vermelho.

Imaginei o vermelho, a cereja, para ser imagem.

Imaginei a cereja, o vermelho, para ser sabor.

Criei um escândalo no meio do pensamento

- eu, o vermelho, a cereja, a imagem, o sabor -

Já imaginou?





domingo, 10 de março de 2013

Circunstância









Março a meio 

nem mais ameno 

nem menos alheio 

vai pelas janelas 

escapole nas frestas 

ganha as vielas 

um diz-que-diz-quê 

coisa alguma há a fazer 

senão olhar para trás 

nas novas velhas dos jornais 

e ir aonde não se volta mais 

Só as garças permanecem 

intrometidas na paisagem 

feito lhes faltasse viagem 

Noites vermelhas 

misturadas às estrelas 

de chuva forte, centelhas 

Duas gotas juntas por pingar 

espremidas na torneira 

nós a espera da queda primeira 

até o tic tac temporâneo acusar 

hora entre as grandes e meãs 

que deixaremos de estar lá 

Recusaste-me saber teu nome 

Calei no tráfego da manhã 

o nome que dei a te chamar 

A caminho de qualquer canto 

te envio com a dúvida por fio 

uma carta que decerto voltará 

todavia, não a teres lido 

para sereníssimo espanto 

terá valido tanto quanto 

ter-me a ti escrito para nos guardar 

Que o vento sobre a mesa 

virando as notícias dos jornais 

é a circunstância da garça 

de onde evoluiu livre

livre, não retornou jamais.







sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Vai Ser Para Sempre










Finge não cansar
o amor repetido
de cansado.





domingo, 10 de fevereiro de 2013

Armando Outro Céu









Eu podia

em algum dia

desses que se abre a porta

para o céu entrar

mastigar à mesa esse segredo

de temor oculto

dividir o susto

às claras.

- Comer palavras

tem na língua um gesto

de enganar o coração. -

Lembranças viram

fraudes de memória.

À vera, verdade é momento

e no seguinte movimento

acelerada ilusão.

Deslembro o juramento

que eu faria até ao desespero

como só um dia houvesse

para dizê-lo.

De então

estamos acertados

verdade é a porta

a mesa, o céu, a língua

fazendo coisas de porta

de céu, de mesa

de língua

esta, inclusive, mentira.

Saudade dá quando

o agora é outro.

Vamos celebrando

esse momento morto.








domingo, 3 de fevereiro de 2013

Vida?










Entidade líquida -
apropria-se das coisas
que não haviam.






quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Copos, Fontes e Mar









Basta-me o mar;
de onde o olho meio
sei o lado cheio.






Em Cau.





sábado, 12 de janeiro de 2013

Soneto da Partida




Esta forma na qual te fundo, amor,
Assim sem face, ao meio o gesto,
Aos dias lentos de um cais deserto
É ponto a fazer nosso equador.

Na banda do mundo que te devora
Fui longe, além das milhas do mar.
Eu quis descrer, por fim, e apesar
do risco de me deixares ir embora.

Escutei gemer guitarra e o clarinete
No horizonte de uma noite diferente,
Decrescendo até o fim em sintonias.

Fui me apagando sem lenço, sem ar.
Fui saindo e Deus foi o último a notar.
De dentro de ti, amor, me despedias.





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