
Não foi por um acaso que se encontraram. Ela sonhava um moço encantado, olhar seu rosto no riso dele espalhado, no seu corpo, as mãos dele lado a lado. Ele já estava desesperançado, certo de que o tempo de amar e ser amado havia, para sempre definhado no passado. De tanto vento que soprou, o último o levou numa vela crestada por incontáveis horas atrasadas ao encontro do destino esquecido. Foi a paixão dos sábios que eles viveram. O amor dos loucos que os consumiu. E toda estrela que no céu ardia tinha um quê de dó pelo que se destruiu. Era uma concha velha que ninguém ouvia. Era uma praia onde ninguém nadava. Havia sombra em que ninguém deitava, e sobre as falésias ninguém nunca caminhava. Era uma ilha morta que a noite habitava, uma areia fina onde o mar não batia, e como o vento lá já não corria, nunca mais se ouviu as vozes deles na praia vazia.