Aquele inseto na tela
desenhou uma letra nova
hieroglifo na página infinita
para um dia de chuva
anoitecido na janela
Fina
intensa e constante
cortada por fios elétricos
do poste e sua luz amarela
Acima do ar lavado
o céu ficou vermelho
estatelado
Abaixo o asfalto falho
preto e limpo
batizado
Ele a dissertou tão claramente
que a cada gota caída
podia se ver grávida
uma semente
Nada cobrou pela obra
assim como veio
foi embora