
Cheiro de mato molhado
envolvendo os sentidos,
antes da visão das gotas na janela,
sol extinguindo seu brilho.
envolvendo os sentidos,
antes da visão das gotas na janela,
sol extinguindo seu brilho.
Invernada inteira,
admirável na fronteira lá fora,
um som que nos alaga
um piano, um arfar.
Lampião solitário dependurado,
pernas em meio a pernas,
largadas no chão em desalinho
de tantas delícias sem desvendar.
Nos extremos,
encaixe perfeito ser em ser.
Urgência adequada e sem razão,
vitrine de olhos no olhar.
Iluminado quieto desejo cansado
de resistir em render-se
sem vergonha à contemplação,
como fora temor reacender os corpos,
como fora pecado perde-se
nas porções de saudade rápida
do costume de nos buscar
nos portais conhecidos e nus.
E a chuva de vento encantado,
emissário de segredos buliçosos,
gira e entra e nos põe na pele
o sabor úmido da manhã.
Desfaz nosso amor na areia
e o arquiteta indiscreto,
escancarado e candente,
obelisco de cristal feito em luz.
Dedicado a Daniel.